sábado

9º Dia


17 / Stembro / 2005


O colchão demasiado mole semeia em nós dores de costas que não deixam o corpo descansar como deveria. O dia vem e nós seguimos com a direcção do regresso. Engolem-se os primeiros travos de melancolia mas as circunstancias que surgem a cada curva nas estradas marroquinas fazem-nos sorrir! Agora é esta carrinha de transporte de mercadorias, de caixa fechada, que suporta uma carga singular… muitas pessoas, muitos objectos e outras tantas tralhas muito para além da lotação do veículo vão amontoadas lá dentro engenhosamente. Já por si o transporte de pessoas nestas condições nos faria observar este veículo, mas o mais peculiar é o rebanho de ovelhas que este transporta na parte superior, parte esta vedada por quatro tábuas.
Entramos em Casablanca, uma cidade grande, muito ocidentalizada onde tomamos um das refeições mais dispendiosas. Almoçamos no McDonalds e só depois de reflectir entendemos qual a razão para o parque de estacionamento estar repleto de automóveis de alta cilindrada e de pessoas bem vestidas e mais gordas… almoçar por 44 Dirhams (preço de um menu) em Marrocos não é um luxo para qualquer um.
Apressamo-nos para a visita da Mesquita Hassan II, a segunda maior mesquita do mundo depois da mesquita de Meca. Sumptuosa, imponente e muito bonita, com o mar ao lado, a mesquita apresenta um minarete de 250 metros de altura e de uma aparência deslumbrante. A visita guiada é demasiado rápida para o tempo que gostaríamos de passar lá dentro
O tempo escasseia. É necessário alcançar Tanger. Projectamos dormir em Larache. Para chegarmos mais depressa tomamos pela primeira vez uma auto-estrada. Reparamos que não temos dinheiro… e que não temos muito gasóleo. Saímos na primeira saída da auto-estrada, perguntamos onde encontrar uma caixa Multibanco. Respondem-nos que a caixa mais próxima é a 40 Km, precisamente na cidade onde entrámos na auto-estrada. Decidimos seguir pela estrada nacional. A decisão complica-se quando as placas de sinalização aparecem em árabe e quando o mapa que se tem não é tão detalhado como seria necessário. Paramos para perguntar qual a estrada correcta. Os habitantes daquela localidade apenas falam em árabe… E agora?! Talvez a polícia fale francês! Sim, falam francês! Perguntamos a quantos quilómetros estamos de Larache. Perguntam-nos porque não vamos pela auto-estrada. Respondo que não temos dinheiro… Eles sorriem e indicam-me uma caixa Multibanco a poucos passos. Voltamos à auto-estrada agora com o batimento cardíaco mais controlado, com dinheiro e com o depósito de combustível cheio. Uma distracção que deu em aventura. É noite cerrada… e ironicamente estamos próximos de Alcácer Quibir.

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