quinta-feira

7º Dia



15 /Setembro/ 2005
Marraquexe surge como próximo destino. Contornamos em curva e contra-curva o Alto Altas. A sinalização é original... As montanhas sucedem-se áridas e transbordantes de acenos de crianças. Há pedras de cores vivas que as crianças tentam vender na beira das estradas. Fazemos negócio baixando o preço de 250 para 100 Dirhams e quando pegamos na pedra ficamos sem perceber se a cor é verdadeira ou cor-de-corante-vermelho… As cores da terra sucedem-se alternando entre o arroxeado e o amarelo ocre. As cores das casas confundem-se e fundem-se na cor da terra.
A entrada em Marraquexe é uma enorme peripécia. A sinalização não abunda nas cidades marroquinas… e quando damos conta estamos completamente embrenhados na medina da cidade. As ruas vão-se tornando cada vez mais estreitas e mais abarrotadas de pessoas, carroças, burros, galinhas, bicicletas, motas e todo o género de obstáculo para contornar. Um habitante montado numa bicicleta e em busca de uma moeda pergunta-nos onde queremos ir… respondemos que não sabemos, que queremos só sair dali!! Pede para que o sigamos e escapamos assim da labiríntica arquitectura da medina. Vagueamos pela cidade depois de instalados no Hotel Foucauld. A praça Jemma El Fna extravasa de animação e inebria os sentidos. Um delicioso sumo de laranja custa apenas 3 dirhams (0,30 €). Cheira a cominhos e a carne a assar. Ao fundo o som dos encantadores de serpentes que correm atrás de nós para a fotografia da praxe. A kotoubia, uma bonita mesquita, compõe o cenário. A cidade é muito agradável. Na imensidade cultural, na ironicamente chamada “Fnac Berbere” por alguém… entramos numa lojinha com 4 ou 5 computadores e com ADSL! Consultamos o e-mail e pouco mais. O colorido lá de fora chama-nos… Perdemo-nos entre comerciantes, entre cores e cheiros, entre preços regateados com sorrisos, entre negócios que nunca chegarão a sê-los. Motas e bicicletas circulam apressadamente e proporcionam uma percepção única de movimento. Cruzamo-nos com contadores de histórias, com mulheres que lêem a sina e lançam cartas, com artistas que fazem tatuagens de hena, com a reza dos fiéis, com as laranjas empilhadas, com o movimento da música, com os jogos tradicionais, com os tapetes suspensos, com o tempo feito rugas, com os sabores das especiarias… apetece ficar ali, só a absorver aquelas gentes, só a observar a multidão.
A noite cai sobre a praça e sobre nós. A fadiga e o cansaço de mão dada connosco encaminham-nos lentamente para o quarto do hotel.

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